Oi, gente!
Depois de mais um carnaval meio estranho, estamos de volta com um noticiário bem cheio. Na Bahia, o vídeo de uma mulher negra enfrentando um policial de Salvador após a morte de três jovens é marcante.
Na Europa, a invasão russa gera uma onda migratória e pessoas africanas sofrem com a guerra e o racismo. Além de críticas à ajuda humanitária, está cada vez mais evidente a abordagem racista tomada por jornalistas ocidentais ao se surpreenderem com a “civilidade” da população Ucraniana. Por aqui, enquanto jornalista mais que experiente deu chilique com especialista ao vivo, o Casimiro chamou um professor de relações internacionais para falar sobre a crise na Europa para 130 mil pessoas ao vivo.
A impressão que fica é que está cada vez mais difícil se informar apenas pela mídia tradicional. Por isso, perguntamos: quais jornalistas e especialistas vocês estão acompanhando nessa semana para entender sobre a guerra na Ucrânia? Deixe seu comentário no post!
EM ALTA
Chacina em Salvador. Após a pressão e manifestações, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia afirmou que vai investigar a morte de três jovens negros na última terça-feira (1) na Gamboa, comunidade à beira-mar em Salvador. Patrick Sapucaia, 16, Alexandre dos Santos, 20, e Cleverson Guimarães, 22, foram mortos pela Polícia Militar baiana (Yahoo).
Enfrentando a narrativa oficial. Este vídeo mostra uma pessoa moradora da Gamboa questionando, ao vivo, durante um programa da TV Band, um policial que afirma que as mortes dos três jovens foram provocadas durante troca de tiros.
Violência contra negros. "Muito se fala sobre a importância do controle das polícias, uso de tecnologias e o papel das corregedorias e instâncias de controle; todavia nem sempre estamos atentos ao peso da atuação do sistema de Justiça na manutenção da violência institucional contra pessoas negras no Brasil", afirmam Felipe da Silva Freitas e Marta Machado, do Núcleo Justiça Racial e Direito da FGV-SP (Folha).
Prioridades ocidenteais. O mapa acima e a revista Carta Capital evidenciam a diferença de tratamento entre o conflito na Ucrânia e em países do Oriente Médio. Além da cobertura racista de jornalistas europeus e americanos que descrevem o país europeu como "relativamente civilizado", o tratamento à refugiados ucranianos em comparação à sírios, iraquianos ou afegãos refletem uma "distinção chocante" e "desumanização dos refugiados do Oriente Médio", afirma o cientista político Ziad Majed (Carta Capital).
Nova crise migratória. Um milhão de refugiados fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, disse, ontem (2), o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi (CNN).
Tratamento desigual. O racismo opera no momento em que as pessoas tentam salvar suas próprias vidas. Pessoas negras, especialmente de países africanos, relatam dificuldades de motivação racista para deixar a Ucrânia. As barreiras começam nas tentativas de embarcar nos trens. A União Africana manifestou, em nota, contra estes episódios (Geledés).
Enfrentando a guerra e o racismo. No vídeo, um homem negro relata o que está vivenciando na Ucrania.
Nem sempre foi assim. O fio da pesquisadora Kimberly St. Julian-Varnon, estudante de PHD sobre raça e negritude na União Soviética explica como essa visão da branquitude sobre a humanidade da população ucraniana é um movimento muito novo. Ela escreve:
“A raça é fluída e contextual, e o paradigma racial americano frequentemente modela o discurso global. Ucranianos estão frequentemente na base da hierarquia racial europeia. Se a Alemanha ou França ou até mesmo a Polônia fossem invadidas desta forma, eles teriam apoio. A Ucrânia é multiétnica com um número significante de população Romana, e uma crescente população Afro-Ucraniana e Africana. [...].
Então, os comentários imbecis de jornalistas europeus ocidentais não acreditando que essas pessoas são como eles é um discurso muito recente. Em 2014, quando a Crimeia foi tomada, quando Luhansk e Donetsk foram ocupados, a Ucrânia era quintal, não era suficientemente europeia [...].”
Postura do Brasil. De um lado, o Itamaraty apoiando sanções contra Rússia, de outro, o disse me disse do presidente Bolsonaro sobre a situação. Dawisson Belém Lopes, professor da UFMG, explica o histórico da diplomacia brasileira.
Acolhida no Brasil. O governo brasileiro deve publicar ainda nesta quinta-feira (3) uma portaria para permitir a emissão de visto humanitário para pessoas refugiadas da Ucrânia. A portaria, segundo apurou o portal Metrópoles, concederá visto temporário, o qual poderá ser convertido em autorização de residência para ucranianos e apátridas afetados pelo conflito armado na Ucrânia (Metrópoles).
Damares na ONU. Enquanto isso, na segunda-feira (28), a ministra Damares Alves (Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) fez um pronunciamento no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra (Suíça). Ignorando por completo a guerra na Ucrânia, a ministra defendou o governo Bolsonaro e trouxe à tona pautas já conhecidas da agenda ultraconservador (Conectas).
Chuva de agrotóxico. Uma aeronave lançou agrotóxicos sobre áreas de cultivo de café orgânico, frutas e hortaliças no sul do Amazonas. Até então inédita na região, a "chuva" de veneno foi direcionada às últimas comunidades remanescentes de pequenos produtores no município de Apuí, que resistem ao avanço da pecuária extensiva (Brasil de Fato).
Preocupação climática. A Amazônia brasileira também está no centro das discussões do novo relatório do IPCC. De acordo com o estudo da ONU sobre a emergência climática, povos indígenas e a população mais tradicional da região estão sendo impactados por atividades ilegais, como desmatamento, conflitos fundiários e mineração (ONU).
DICAS
Exposição “Amazônia”, de Sebastião Salgado, está em cartaz no Sesc Pompeia.
O grupo de Leituras Abolicionistas tem novas vagas para o Clube de Leituras. Com encontros quinzenais no Meet, o clube tem 15 vagas pagas e 05 vagas gratuitas.
OPORTUNIDADES
Alter Conteúdo Relevante, Projeto #Colabora, em parceria com a Fundação Heinrich Böll oferecem três bolsas, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) cada, para a produção de reportagens investigativas sobre o tema agrotóxicos.